Entre os dias 16 e 20 de julho, decorreu a maior conferência na área das demências – Alzheimer’s Association International Conference (AAIC 2023) -, na qual o Professor Doutor Jorge Alves participou.
A AAIC é o principal fórum anual para apresentação e discussão das investigações recentes sobre Alzheimer e outras demências. A conferência deste ano ocorreu num formato misto: virtualmente e de forma presencial em Amesterdão, Holanda. Contou com mais de 10.000 participantes e mais de 3.000 apresentações científicas.
Os novos estudos apresentados na AAIC 2023 abrangeram a vastidão da investigação sobre a doença de Alzheimer e demências, incluindo avanços no tratamento, diagnóstico precoce e preciso, e na compreensão dos fatores de risco para a doença de Alzheimer e outras demências.
De seguida apresenta-se um sumário das principais informações resultantes da AAIC 2023:
- – Dados recentes salientaram o potencial de abordagens farmacológicas. Primeiro, na fase sintomática precoce da doença de Alzheimer a remoção farmacológica de beta-amilóide do cérebro estará associada a uma desaceleração significativa da progressão da doença. Segundo, foram relatadas duas novas abordagens terapêuticas para a doença de Alzheimer baseadas na edição do gene CRISPR.
- – Os exames de sangue surgiram como a próxima fronteira no diagnóstico de Alzheimer. Os avanços na tecnologia e na prática relatados pela primeira vez na AAIC 2023 demonstram a simplicidade, a transportabilidade e o valor diagnóstico dos biomarcadores sanguíneos para a doença de Alzheimer.
- – O uso de novo de opióides em idosos com demência foi relatado como estando associado a um risco significativamente aumentado de morte, incluindo um aumento de onze vezes nas primeiras duas semanas.
- – Novas pesquisas demonstraram a relação entre a saúde intestinal e o cérebro. Pessoas com prisão de ventre crónica (movimentos intestinais a cada três dias ou mais) tinham uma cognição significativamente pior, equivalente a três anos a mais de envelhecimento cognitivo cronológico, em comparação com indivíduos com padrões saudáveis de movimento intestinal.
- – Acumulam-se os estudos que indicam o impacto dos fatores psicossociais e intervenções não-farmacológicas na redução do risco de declínio cognitivo na progressão da perda cognitiva nas fases de risco e de pré-demência; e na estimulação do funcionamento das pessoas em fases iniciais. Foram salientados os seguintes fatores: atividade física, dieta saudável, atividades sociais, estimulação mental, saúde física, sono, audição e stress.
Em conjunto, os dados apresentados este ano salientam a importância da deteção precoce; a relevância de ter uma vida consistentemente saudável para a cognição; e a evidência crescente para a possibilidade de influenciar – através de fatores psicossociais, intervenções farmacológicas e não-farmacológicas – a trajetória neurocognitiva e de processos biológicos em fases não sintomáticas, na pré-demência e nas fases iniciais de demência.